domingo, 6 de fevereiro de 2011

CABOCLA SELVAGEM


 Oh, linda morena!
Cabocla selvagem
Que tem da paisagem
O vago perfume.
Dos bravos guerreiros
És a bem amada
E a onça pintada
De ti tem ciúme.

Oh, linda morena!
Dos seios maduros
Teus olhos escuros
Da cor do açaí,
Buscam na sombra
Da mata fechada
O porco-queixada
Que zela por ti.

Oh, linda morena!
Flor da samambaia
Na cama de palha
Teu corpo adormece
Escutando o canto
Da ave agourenta
Mas não te atormentas
Porque te conhece.

 Oh, linda morena!
Teu corpo bonito
A luz do infinito
Vem iluminar
Enquanto tu dormes
Deitada na areia
O vento e a lua cheia
Te fazem sonhar.

Oh, linda morena!
Deusa da Amazônia
Que a relva risonha
Te louva cantando.
E quando caminhas
No mundo pacato
Os bichos do mato
Vão te acompanhando.

Oh, linda morena!
Cabocla selvagem
Que tens coragem
De brincar no rio.
E enquanto tu brincas
O manso rio desce
E o boto aparece
E fareja o teu cio.

Oh, linda morena!
Dos lábios vermelhos
Que tem como espelho
As águas serenas.
E banha seu corpo
Com o aroma silvestre
E depois se veste
Com chumaços de penas.

Oh, linda morena!
O sol te namora
E ao romper da aurora
Vem te despertar.
E quando cansada
Até os passarinhos
Te oferecem os ninhos
Para repousar.

Oh, linda morena!
Se um dia a idade
Te trouxer saudade
Dos rudes troféus,
E já bem cansada
Da vida na selva
Tupã te reserva
Um cantinho nos céus.

Leva-me Contigo


Morena, que vais na tua canoa
E passas remando de cima da proa
A noite está bela e a maré está boa
Oh, linda morena, escuta o que eu digo...,
Morena, tem pena,
Me leva contigo.

No calmo remanso
O rio corre manso
Tu finges não ver que eu não me canso
Oh! Linda morena, suplicando eu prossigo,
Morena, tem pena,
Me leva contigo.

Morena aonde vais assim seminua
Fitando nas ondas o brilho da lua
Cantando a canção, que é minha, e que é tua.
Oh, linda morena, chega de castigo,
Morena, tem pena,
Me leva contigo.

No leito do rio resvala a ardentia
Cuidado morena que o boto te espia
A brisa da noite teu corpo resfria
Oh, linda morena, já corres perigo.
Morena, tem pena,
Me leva contigo.

Morena aonde vais assim tão sozinha
Levando contigo os sonhos que eu tinha,
Não quero que a sorte te seja mesquinha
Oh, linda morena, teu amor eu mendigo.
Morena, tem pena,
Me leva contigo...

Mas se um dia cansares do teu navegar
E arrependida quiseres voltar
Terás junto a mim o aconchego de um lar
Morena, tu sabes que sou teu amigo.
Oh, linda morena,
Serei teu abrigo.