quinta-feira, 2 de julho de 2020

Longe dos horrores deste mundo

Sem respirar este odor doente e imundo
deste sistema tão difícil de entender,
lá, bem distante dos horrores deste mundo,
com harmonia quero viver.

Num lugarejo onde só com minhas musas
escute a fonte borbulhando alegremente,
e veja a vida sem as cores tão confusas
que vestem os sonhos desta gente tão carente.

E os rios passando nos seus leitos livremente,
chegando ao mar sem que sejam aprisionados
pelas barragens que detêm as suas correntes,
que o fazem réus perpetuamente condenados.

E as águas vivas refrescando os arrabaldes,
vendo seu curso lá no céu sendo esmaltado.
Sem assistirem estas cenas tão covardes
do peixe mudo sendo morto, amordaçado.

E quero ver a grande selva sempre erguida.
E pelo estudante e pelo rude respeitada.
Guardando intacto o segredo desta vida,
sem a fumaça que lhe deixa degradada.

Convidaria os passarinhos cantadores
para me ajudarem a compor uma canção,
que cantaríamos como hino de louvores
a Deus eterno agradecendo a criação.

Quero assistir de um pedestal num alto monte
o homem louco, ansioso e muito aflito,
querendo ver se existe alguém por trás do horizonte
e onde acaba este universo tão bonito.

Mas o destino já me nega esta virtude
porque nasci para ser somente um sonhador
e conviver no meio desta gente rude
e até sentir o calafrio do desamor.
                                  Autor Raimundo Amaral, o poeta da Amazônia.

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