quarta-feira, 15 de julho de 2020

Deus está sempre de braços abertos. Quem precisa mudar somos nós.



Vivemos um momento de aflição e angústia em que a humanidade clama por socorro, piedade e misericórdia, para que passe este momento de aflição. Muitos acreditam que ao passar a pandemia, haja mudança para um mundo melhor, mas existe pouca possibilidade dessa acontecer, pois a grande maioria dos governantes e doutores da lei que têm em suas mãos as rédeas do destino da humanidade estão ansiosos para que ao passar este momento continuem as ações da maldade, da injustiça, do escravismo econômico e da ignorância das causas de tudo isso.
Desde muito tempo, os doutores da lei e fariseus que perduram até hoje, tentaram convencer o Cristo a obedecer a seus ensinamentos, Marcos 7:5-7. Também podemos perceber a tentativa de mercantilização da fé, através da propaganda de falsos milagres, o que contraria os ensinamentos de Jesus, que numa demonstração de profunda humildade e obediência a Deus proibia qualquer propaganda dos seus milagres, Marcos 5:43, o que provoca a ira de Deus, Isaias 42:24-25. Porém não havendo obediência aos desígnios de Deus, o mundo continuará vulnerável às catástrofes. E é previsível que a próxima será causada pelo aquecimento global do planeta, que é ignorado pela cegueira da ambição, Isaias 51:6.
Professor Marco Amaral & Raimundo Amaral

quinta-feira, 2 de julho de 2020

A poesia de Raimundo Amaral, o poeta da Amazônia é carregada de aspectos do Arcadismo, pois vem em socorro ao homem do campo, que não encontra o que ansiava na cidade e que não pode voltar à sua origem, mas a sua poesia vai transportar esse homem  de volta para o campo. Pois retrata um ambiente natural que fornece ao homem as riquezas e belezas das quais ele necessita.
São poemas que cultuam a natureza, nos quais o poeta refere-se a si mesmo, aos seus amigos e à sua amada, a um espaço natural, que serve, também, para lindas histórias de amor. Se o homem não pode voltar ao campo (ter contato direto com a natureza), ele vem até o homem através da poesia. Essa “viagem” se dá no momento da leitura dos poemas: O precipício do caboclo, Escravo do progresso e Longe dos horrores deste mundo, que expressam as características sobreditas do Arcadismo.

Longe dos horrores deste mundo

Sem respirar este odor doente e imundo
deste sistema tão difícil de entender,
lá, bem distante dos horrores deste mundo,
com harmonia quero viver.

Num lugarejo onde só com minhas musas
escute a fonte borbulhando alegremente,
e veja a vida sem as cores tão confusas
que vestem os sonhos desta gente tão carente.

E os rios passando nos seus leitos livremente,
chegando ao mar sem que sejam aprisionados
pelas barragens que detêm as suas correntes,
que o fazem réus perpetuamente condenados.

E as águas vivas refrescando os arrabaldes,
vendo seu curso lá no céu sendo esmaltado.
Sem assistirem estas cenas tão covardes
do peixe mudo sendo morto, amordaçado.

E quero ver a grande selva sempre erguida.
E pelo estudante e pelo rude respeitada.
Guardando intacto o segredo desta vida,
sem a fumaça que lhe deixa degradada.

Convidaria os passarinhos cantadores
para me ajudarem a compor uma canção,
que cantaríamos como hino de louvores
a Deus eterno agradecendo a criação.

Quero assistir de um pedestal num alto monte
o homem louco, ansioso e muito aflito,
querendo ver se existe alguém por trás do horizonte
e onde acaba este universo tão bonito.

Mas o destino já me nega esta virtude
porque nasci para ser somente um sonhador
e conviver no meio desta gente rude
e até sentir o calafrio do desamor.
                                  Autor Raimundo Amaral, o poeta da Amazônia.

Escravo do progresso

A terra veste um manto lutuoso,
que a humanidade a ela concedeu.
Já não há paz, festa nem gozo.
O vigor da vida enfraqueceu.

O mundo semiárido é umedecido
com o pranto pelos humanos vertido
em aflição pelos seus ente queridos.
Em um momento de angústias e gemidos.

O céu é manchado pelo negrume que evapora
do maquinismo que a pressa construiu.
A natureza angustiada chora,
os elementos que a pressa destruiu.

Mas outro mundo vai surgir bem diferente,
sem ser habitado pelo homem delinquente,
que ignora o regimento do universo
e é escravo do que chamam de progresso.
                        Autor Raimundo Amaral, o poeta da Amazônia.



O precipício do caboclo


Veja só como o caboclo
Arranja seu precipício,
Vindo morar num cortiço
De uma violenta cidade,
Foi o que aconteceu comigo,
Pois entrei neste castigo,
Por causa da vaidade.

Eu morava lá na roça,
Debaixo de uma palhoça,
Toda cercada de flor.
À noite a minha cabocla
Beijava a minha boca
E eu transbordava de amor.

A lua e o verde da mata
Atravessavam a parede,
Enfeitavam a nossa rede
Com pedacinhos de prata,
E era assim que no ranchinho,
Nós dormia com os filhinhos 
Naquelas noites pacatas.

Nós era pobre, é verdade,
Mas aquela tranquilidade
Era o meu contentamento,
Nós retirava da roça
A farinha de mandioca,
O tucupi e a tapioca,
O feijão e o arroz pro sustento.

Eu tinha meu bom cavalo,
Cinco galinhas e um galo,
E no pasto uma vaquinha,
Tinha doze ovelhinhas
Que dava gosto de ver.
Um belo dia a cabocla
Com seu jeito de maluca
Começou a me convencer.

Meu bem, essa é a verdade,
Vamos embora pra cidade,
Melhorar o nosso viver.
Nós vende a nossa palhoça,
Nossos bichinhos e a roça,
E outra vida vamos ter.

Foi aí que um fazendeiro,
Por muito pouco dinheiro,
Comprou a minha felicidade,
E eu parti para a cidade,
Onde vi que a realidade
Foi logo mudando o tom,
A minha cabocla dengosa
Começou a ficar vaidosa,
Pintou o beiço com batom.

A pobre desengonçada
Foi trabalhar de empregada
No motel de uma pensão,
E este caboclo acanhado
Teve o peito atravessado,
Pelo punhal da traição.
                        Autor Raimundo Amaral, o poeta da Amazônia.